ALBUNS DE FOTO

quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

A ÚLTIMA AVENTURA DE 2018


Pico do Barbado


Nestes três anos de existência o Grupo Trilheiros Boca da Onça, viveram muitas aventuras e tiveram muitas experiências, conheceram muitos lugares de belezas raras e subiram várias serras com acentuado grau de dificuldades, mas nada se compara com a trilha feita no último dia 15 de dezembro de 2018, a subida do Pico do Barbado (2.033 metros de altitude), o ponto mais elevado do Nordeste e o terceiro mais alto do Brasil. O Pico fica localizado no município de Abaíra (BA), mas propriamente no distrito de Catolés e faz parte da APA Serra do Barbado.
O grupo saiu de Feira de Santana no dia 14/12/18 logo cedo e percorreu cerca de 500 km até chegar a Catolés, um lugar acolhedor incrustado entre serras, ainda distante da civilização.


Acomodados na pousada de dona Selma, uma senhora gentil, cada um pro seu quarto, um banho demorado para recuperar as energias da viagem, e na pracinha em frente à pousada que é vizinha de um bar aconchegante, cachaça de alambique e muitas cervejas para os apreciadores.
Após o jantar, todos foram repousar para enfrentar a caminhada e subida no dia seguinte.  Às cinco horas da manhã estávamos todos de pé e na arrumação das mochilas para iniciar a jornada.


Às seis horas e trinta minutos com a presença dos dois guias contratados, Francisco e Edu, ainda usando os veículos, seguimos para Catolés de Cima, um povoado menor ainda que o Catolés de Baixo. Depois de ouvirmos as recomendações de segurança dos guias, iniciamos a caminhada às sete horas e quinze minutos. 





O primeiro percurso é de três km de subida passando por dentro da Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Pico do Barbado, e com um acentuado grau de dificuldade.  A parada é no local chamado de forquilha.  Aí não tem jeito, quem desejar ir para o Pico do Barbado terá que enfrentar mais dois km de subida da serra de grau máximo de dificuldade. É inacreditável e indescritível daí pra frente. Um subir sem fim se  esgueirando pelas frechas de pedras, com obstáculos aparentemente intransponíveis. Cada um se ajudando, alguns com pânico de altura agarrados nas rochas como se fossem homens aranhas, o cansaço pelo esforço e apreensão aumentado a cada metro percorrido sem que aparecesse o Pico do Barbado.  Um guia na frente e outro atrás ajudando com cordas os mais cansados e exaustos.  

 Por volta das treze horas e quarenta minutos o primeiro grupo chegou ao topo do Pico. Uma vitória pessoal e coletiva. A beleza vista do lugar mais alto do Nordeste compensa. De lá se avista o Pico do Itobira (1.970 metros de altitude), o segundo mais alto e o Pico das Almas (1.958 metros de altitude) no município de Rio de Contas o terceiro mais alto, a Serra da Tromba onde nasce o Rio de Contas, a Serra do Sincorá, Serras no distante município de Brumado, e o verde das matas mais verde que as águas do mar que a Chapada oferece a quem se aventurou a chegar ali. 
 

Diante de um panorama destes o “cabra” esquece logo que sofreu para chegar ali e esquece que tem a volta. Ah, meus amigos e amigas leitores, vocês não podem imaginar o que é descer o Pico do Barbado. Se subir foi difícil, descer é muito pior. Não há joelhos que aguentem o peso e a pressão sobre as pernas. Dói tudo, joelho, panturrilha, braços e mãos de tanto se segurar nas pedras, e logo o cansaço e a fadiga toma conta de todo o corpo do aventureiro. E não chega. Cadê a forquilha? Lembra-se dela na subida?  Próximo das dezessete horas finalmente chegamos.  Uma pausa para descansar e veio o aviso dos guias: Vamos continuar porque a noite se aproxima. Lembra-se do inicio, que está dito que foram três km de subida? Agora serão três km de descida. Para quem já vem “estrupiado” dos dois km anteriores, enfrentar mais três não tão fáceis é uma tarefa que requer preparo e energia, e a essa altura poucos ainda tinham preparo e energias para tal. Não demorou muito e a noite chegou. Caminhar cerca de dois km em terreno íngreme com mais pedras do que terra durante a noite foi uma tarefa hercúlea. E não chegava nunca onde os carros estavam. 

Os primeiros chegaram por volta das dezoito horas e trinta minutos, um segundo grupo depois das vinte horas e o último pelotão depois das vinte e uma horas. Cada um mais cansado que o outro. No povoado de Catolés onde estávamos hospedados a preocupação era grande com outros guias se preparando para enfrentar com motos um possível resgate. Felizmente todos chegaram ao destino, inteiros e orgulhosos de terem subido o Pico do Barbado.
Participaram desta aventura os seguintes Trilheiros: Marcio Pimentel, Ezivaldo Freitas, Messias Gonzaga, Luiz Pereira, Cristina Pereira, Adriana Alves, Eduarda Lima, Veronício Nere, Sara Nere, Valdir Rodrigues, Valciane Oliveira, Henrique Oliveira, Yves Figueiredo, Luiz Roberto Risque, Nilton Oliveira e Núbia Samara.
Ficaram na pousada as Trilheiras Gabriela Pimentel e Karine Cerqueira. 


Texto: Messias Gonzaga.
Edição: Givanildo Lima e Messias Gonzaga.
Fotos: Marcio Pimentel, Valciane Oliveira, Núbia Samara, Luiz Risque, Yves Figueiredo e Karine Cerqueira.