Trilheiros Boca da Onça

Trilheiros Boca da Onça
Foto:Marcio Pimentel 2018 - Pico do Barbado - Catolés -Abaíra - Bahia.

terça-feira, 22 de novembro de 2016

Circuito do Cangaço: segunda parte

Rumo a Piranhas
Foto: Márcio Pimentel, 2016
Rio São Francisco 

Chegamos a Piranhas no Estado de Alagoas no dia 12 de novembro de 2016 por volta das dezesseis horas e fomos direto para o Hotel. Depois de alojados fomos para o centro da pequena cidade, local movimentado. 

Foto: Márcio Pimentel, 2016
Entrada da cidade

Piranhas é uma cidade antiga, bela com seus casarões e até com um Palácio Provincial do século 19, onde as 11 cabeças dos cangaceiros mortos na Grota do Angico ficaram expostas, e hoje é sede da Prefeitura.

Foto: Márcio Pimentel, 2016
Palácio Provincial do século XIX
A cidade de Piranhas localiza-se a margem do rio São Francisco, incrustada dentro de Serras e tombada como patrimônio histórico da humanidade, estando preservada apesar da grande presença de turistas.


Foto: Márcio Pimentel, 2016
Vista Panorâmica de Piranhas, Alagoas

Uma bela estação ferroviária transformada no Museu do Sertão, uma velha máquina de fabricação Alemã que puxava os trens, onde os visitantes podem entrar e tirar fotos, um belo mirante com 336 degraus de altitude, onde se pode observar as belezas do velho Chico e das serras ao redor, além da vista panorâmica de toda a cidadezinha. Uma Igrejinha toda pintada de branco no alto de uma das serras,  com uma escadaria de aproximadamente 300 degraus.

Foto: Márcio Pimentel, 2016
Museu do Sertão - Bilhete escrito por Lampião

Foto: Márcio Pimentel, 2016
Mirante

Márcio Pimentel, 2016
Vista da Igrejinha
E um centro histórico que durante a noite se transforma num “point” onde todos se encontram e podem saborear a culinária nordestina, ouvir música e dançar forró. 

Foto: Márcio Pimentel, 2016
Vista Noturna do Centro da Cidade 
Foto: Márcio Pimentel, 2016
Grupo Folclórico de Xaxado 

No dia seguinte pela manhã, pegamos um Catamarã com destino a Angicos local onde está localizado a Grota do Angico, onde ocorreu o massacre dos cangaceiros na madrugada de 28 de julho de 1938. Depois de cerca de uma hora descendo o rio São Francisco, como fez Lampião e a sua turma no dia 25 de julho daquele ano, chegamos num local hoje chamado Eco Parque, que possui uma boa infraestrutura com restaurante, bares e guia para seguir a trilha do cangaço até a Grota do Angico. 

Foto: Márcio Pimentel, 2016
Catamarã e o Ecoparque
Foto: Márcio Pimentel, 2016
Entrada para Grota do Angico  
São cerca de 1600 metros da beira do rio até a grota. Seguindo sempre o riacho do Angico, debaixo de um sol escaldante, seguimos nós e outras pessoas também interessadas em conhecer este local testemunha de uma cena sangrenta.

Foto: Márcio Pimentel, 2016
Trilha para Grota do Angico
Quanto mais nos aproximávamos da grota mais emoção e ansiedade. A vegetação da caatinga, com as suas árvores características, como umbuzeiros, baraúnas, angicos, pereiros, umburanas, caatinga de porco, juremas e paredões das serras de um lado e do outro da trilha, formavam o cenário da viagem. Lampião era de fato um estrategista inteligente e sagaz. Era difícil alguém chegar ali naquele tempo, há 78 anos. Só mesmo uma traição levaria a polícia até a Grota do Angico.

Foto: Márcio Pimentel, 2016
Trilheiros Boca da Onça rumo a Grota do Angico
Depois de aproximadamente 1 hora de caminhada, chegamos à grota. Todos são tomados de uma emoção indescritível, afinal está ali vivenciando o local em que na madrugada do dia 28 de julho de 38, sorrateiramente, se arrastando como cobras, carregando três submetralhadoras, fuzis, rifles, pistolas, revólveres, punhais e muita munição, e traiçoeiramente dispararam contra os cangaceiros desprevenidos e sem poder de reação. Dos 35 que se encontravam na Grota, 11 morreram, incluindo Lampião, Maria Bonita, Luiz Pedro e outros.
Foto: Márcio Pimentel, 2016
Grota do Angico
A nossa Guia neste percurso foi uma simpática Alagoana, estudante de história da UFAL, Valquíria Lisboa, que de forma emocionante fez um resumo do ocorrido naquele trágico dia.

Foto: Givanildo Lima, 2016
Trilheiros Boca da Onça na Grota do Angico
Foto: Márcio Pimentel, 2016
Retorno do Trilheiros Boca da Onça da Grota do Angico
O segundo dia pelo circuito do cangaço estava encerrado para nós que retornamos para Piranhas com a lembrança viva do que aconteceu na madrugada daquele dia, da trama, das torturas contra o “coiteiro”, Pedro de Cândido que teve que levar a tropa policial para o local.
Foto: Givanildo Lima, 2016
Rio São Francisco -  "O Velho Chico"

Foto: Márcio Pimentel, 2016
"O Velho Chico"

Foto: Márcio Pimentel, 2016
"O Velho Chico"


Foto: Márcio Pimentel, 2016
Vista Panorâmica da Cidade  


Foto: Márcio Pimentel, 2016
Por do Sol as Margens do Rio São Francisco


O terceiro dia da aventura pela trilha do cangaço, vocês verão na terceira parte desta história.

Um comentário:

  1. Após 78 anos, a história de Lampião e Maria bonita voltam à tona pela saga dos Trilheiros Boca da Onça. Conhecer fatos históricos apenas através de livros, filmes e documentários, para esse grupo, pareceu pouco. Eles foram lá e pisaram no mesmo chão onde a história de Lampião e Maria Bonita foi sendo escrita e da forma mais trágica se consolidou. Sempre foi assim, a História é construída num contexto histórico, político, econômico, social e local, e nesse caso não foi diferente. Esses dois nordestinos, além de tudo, lutaram por questões sociais, contra a muséria de um povo e o descaso do poder público. Maria Bonita e Lampião passaram pela última vez por lugares indiscritivelmente lindos, que serviram de cenário onde findou os últimos dias da grande aventura do grupo. As lindas fotografias expressam isto: a grota, o rio São Francisco azul como o céu, os carreiros que cortam a caatinga e até o baú, que vi no registro da primeira parte da aventura, que certamente, guarda tantos segredos. Não esqueceram de mostrar nem a antiga máquina de costura, que por certo Maria Bonita usou para costurar as roupas de seu grande amor. E que brilhante narração escrita deste fato foi feita, tão cheia de detalhes que tornam a história de luta desses dois enamorados ainda mais emocionante. Ao ler o magnígico texto e ver as lindas imagens, me senti viajando pela história tão brilhantemente contada.
    Parabéns aos Trilheiros, que estão cumprindo com a sua função social de disseminar conhecimentos, através deste blog.

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