Pico do Barbado
Nestes três anos de existência o Grupo
Trilheiros Boca da Onça, viveram muitas aventuras e tiveram muitas
experiências, conheceram muitos lugares de belezas raras e subiram várias
serras com acentuado grau de dificuldades, mas nada se compara com a trilha feita
no último dia 15 de dezembro de 2018, a subida do Pico do Barbado (2.033 metros
de altitude), o ponto mais elevado do Nordeste e o terceiro mais alto do
Brasil. O Pico fica localizado no município de Abaíra (BA), mas propriamente no
distrito de Catolés e faz parte da APA Serra do Barbado.
O grupo saiu de Feira de Santana no dia 14/12/18
logo cedo e percorreu cerca de 500 km até chegar a Catolés, um lugar acolhedor
incrustado entre serras, ainda distante da civilização.
Acomodados na pousada de dona Selma, uma
senhora gentil, cada um pro seu quarto, um banho demorado para recuperar as
energias da viagem, e na pracinha em frente à pousada que é vizinha de um bar
aconchegante, cachaça de alambique e muitas cervejas para os apreciadores.
Após o jantar, todos foram repousar para
enfrentar a caminhada e subida no dia seguinte. Às cinco horas da manhã estávamos todos de pé
e na arrumação das mochilas para iniciar a jornada.
Às seis horas e trinta minutos com a presença
dos dois guias contratados, Francisco e Edu, ainda usando os veículos, seguimos
para Catolés de Cima, um povoado menor ainda que o Catolés de Baixo. Depois de
ouvirmos as recomendações de segurança dos guias, iniciamos a caminhada às sete
horas e quinze minutos.
O primeiro percurso é de três km de subida passando
por dentro da Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Pico do Barbado, e
com um acentuado grau de dificuldade. A
parada é no local chamado de forquilha.
Aí não tem jeito, quem desejar ir para o Pico do Barbado terá que
enfrentar mais dois km de subida da serra de grau máximo de dificuldade. É
inacreditável e indescritível daí pra frente. Um subir sem fim se esgueirando pelas frechas de pedras, com
obstáculos aparentemente intransponíveis. Cada um se ajudando, alguns com
pânico de altura agarrados nas rochas como se fossem homens aranhas, o cansaço
pelo esforço e apreensão aumentado a cada metro percorrido sem que aparecesse o
Pico do Barbado. Um guia na frente e
outro atrás ajudando com cordas os mais cansados e exaustos.
Diante de um panorama destes o “cabra”
esquece logo que sofreu para chegar ali e esquece que tem a volta. Ah, meus
amigos e amigas leitores, vocês não podem imaginar o que é descer o Pico do
Barbado. Se subir foi difícil, descer é muito pior. Não há joelhos que aguentem o
peso e a pressão sobre as pernas. Dói tudo, joelho, panturrilha, braços e mãos
de tanto se segurar nas pedras, e logo o cansaço e a fadiga toma conta de todo
o corpo do aventureiro. E não chega. Cadê a forquilha? Lembra-se dela na
subida? Próximo das dezessete horas finalmente
chegamos. Uma pausa para descansar e
veio o aviso dos guias: Vamos continuar porque a noite se aproxima. Lembra-se
do inicio, que está dito que foram três km de subida? Agora serão três km de
descida. Para quem já vem “estrupiado” dos dois km anteriores, enfrentar mais
três não tão fáceis é uma tarefa que requer preparo e energia, e a essa altura
poucos ainda tinham preparo e energias para tal. Não demorou muito e a noite
chegou. Caminhar cerca de dois km em terreno íngreme com mais pedras do que
terra durante a noite foi uma tarefa hercúlea. E não chegava nunca onde os
carros estavam.
Os primeiros chegaram por volta das dezoito horas e
trinta minutos, um segundo grupo depois das vinte horas e o último pelotão depois
das vinte e uma horas. Cada um mais cansado que o outro. No povoado de Catolés
onde estávamos hospedados a preocupação era grande com outros guias se
preparando para enfrentar com motos um possível resgate. Felizmente todos chegaram
ao destino, inteiros e orgulhosos de terem subido o Pico do Barbado.
Participaram desta aventura os seguintes
Trilheiros: Marcio Pimentel, Ezivaldo Freitas, Messias Gonzaga, Luiz Pereira,
Cristina Pereira, Adriana Alves, Eduarda Lima, Veronício Nere, Sara Nere,
Valdir Rodrigues, Valciane Oliveira, Henrique Oliveira, Yves Figueiredo, Luiz
Roberto Risque, Nilton Oliveira e Núbia Samara.
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