Rumo a
Piranhas
Foto: Márcio Pimentel, 2016 Rio São Francisco |
Chegamos a Piranhas no Estado de Alagoas no dia
12 de novembro de 2016 por volta das dezesseis horas e fomos direto para o
Hotel. Depois de alojados fomos para o centro da pequena cidade, local
movimentado.
Foto: Márcio Pimentel, 2016 Entrada da cidade |
Piranhas é uma cidade antiga, bela com seus casarões e até com um Palácio
Provincial do século 19, onde as 11 cabeças dos cangaceiros mortos na Grota do
Angico ficaram expostas, e hoje é sede da Prefeitura.
A cidade de Piranhas localiza-se a margem do rio São Francisco, incrustada
dentro de Serras e tombada como patrimônio histórico da humanidade, estando
preservada apesar da grande presença de turistas.
Foto: Márcio Pimentel, 2016 Vista Panorâmica de Piranhas, Alagoas |
Uma bela estação ferroviária transformada
no Museu do Sertão, uma velha máquina de fabricação Alemã que puxava os trens,
onde os visitantes podem entrar e tirar fotos, um belo mirante com 336 degraus
de altitude, onde se pode observar as belezas do velho Chico e das serras ao
redor, além da vista panorâmica de toda a cidadezinha. Uma Igrejinha toda pintada de branco no alto de uma das serras, com uma escadaria de aproximadamente 300 degraus.
Foto: Márcio Pimentel, 2016 Museu do Sertão - Bilhete escrito por Lampião |
Foto: Márcio Pimentel, 2016 Mirante |
Márcio Pimentel, 2016 Vista da Igrejinha |
E um centro histórico que durante a noite se
transforma num “point” onde todos se encontram e podem saborear a culinária
nordestina, ouvir música e dançar forró.
Foto: Márcio Pimentel, 2016 Vista Noturna do Centro da Cidade |
Foto: Márcio Pimentel, 2016 Grupo Folclórico de Xaxado |
No dia seguinte pela manhã, pegamos um Catamarã
com destino a Angicos local onde está localizado a Grota do Angico, onde
ocorreu o massacre dos cangaceiros na madrugada de 28 de julho de 1938. Depois
de cerca de uma hora descendo o rio São Francisco, como fez Lampião e a sua
turma no dia 25 de julho daquele ano, chegamos num local hoje chamado Eco Parque,
que possui uma boa infraestrutura com restaurante, bares e guia para seguir a
trilha do cangaço até a Grota do Angico.
Foto: Márcio Pimentel, 2016 Catamarã e o Ecoparque |
Foto: Márcio Pimentel, 2016 Entrada para Grota do Angico |
São cerca de 1600 metros da beira do rio até a grota.
Seguindo sempre o riacho do Angico, debaixo de um sol escaldante, seguimos nós
e outras pessoas também interessadas em conhecer este local testemunha de uma
cena sangrenta.
Foto: Márcio Pimentel, 2016 Trilha para Grota do Angico |
Quanto mais nos aproximávamos da grota mais
emoção e ansiedade. A vegetação da caatinga, com as suas árvores
características, como umbuzeiros, baraúnas, angicos, pereiros, umburanas,
caatinga de porco, juremas e paredões das serras de um lado e do outro da
trilha, formavam o cenário da viagem. Lampião era de fato um estrategista inteligente
e sagaz. Era difícil alguém chegar ali naquele tempo, há 78 anos. Só mesmo uma
traição levaria a polícia até a Grota do Angico.
Foto: Márcio Pimentel, 2016 Trilheiros Boca da Onça rumo a Grota do Angico |
Depois de aproximadamente 1 hora de caminhada,
chegamos à grota. Todos são tomados de uma emoção indescritível, afinal está
ali vivenciando o local em que na madrugada do dia 28 de julho de 38,
sorrateiramente, se arrastando como cobras, carregando três submetralhadoras,
fuzis, rifles, pistolas, revólveres, punhais e muita munição, e traiçoeiramente
dispararam contra os cangaceiros desprevenidos e sem poder de reação. Dos 35
que se encontravam na Grota, 11 morreram, incluindo Lampião, Maria Bonita, Luiz
Pedro e outros.
Foto: Márcio Pimentel, 2016 Grota do Angico |
A nossa Guia neste percurso foi uma simpática
Alagoana, estudante de história da UFAL, Valquíria Lisboa, que de forma
emocionante fez um resumo do ocorrido naquele trágico dia.
Foto: Givanildo Lima, 2016 Trilheiros Boca da Onça na Grota do Angico |
Foto: Márcio Pimentel, 2016 Retorno do Trilheiros Boca da Onça da Grota do Angico |
O segundo dia pelo circuito do cangaço estava
encerrado para nós que retornamos para Piranhas com a lembrança viva do que
aconteceu na madrugada daquele dia, da trama, das torturas contra o “coiteiro”,
Pedro de Cândido que teve que levar a tropa policial para o local.
Foto: Givanildo Lima, 2016 Rio São Francisco - "O Velho Chico" |
Foto: Márcio Pimentel, 2016 "O Velho Chico" |
Foto: Márcio Pimentel, 2016 "O Velho Chico" |
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Foto: Márcio Pimentel, 2016 Por do Sol as Margens do Rio São Francisco |
O terceiro dia da aventura pela trilha do
cangaço, vocês verão na terceira parte desta história.
Após 78 anos, a história de Lampião e Maria bonita voltam à tona pela saga dos Trilheiros Boca da Onça. Conhecer fatos históricos apenas através de livros, filmes e documentários, para esse grupo, pareceu pouco. Eles foram lá e pisaram no mesmo chão onde a história de Lampião e Maria Bonita foi sendo escrita e da forma mais trágica se consolidou. Sempre foi assim, a História é construída num contexto histórico, político, econômico, social e local, e nesse caso não foi diferente. Esses dois nordestinos, além de tudo, lutaram por questões sociais, contra a muséria de um povo e o descaso do poder público. Maria Bonita e Lampião passaram pela última vez por lugares indiscritivelmente lindos, que serviram de cenário onde findou os últimos dias da grande aventura do grupo. As lindas fotografias expressam isto: a grota, o rio São Francisco azul como o céu, os carreiros que cortam a caatinga e até o baú, que vi no registro da primeira parte da aventura, que certamente, guarda tantos segredos. Não esqueceram de mostrar nem a antiga máquina de costura, que por certo Maria Bonita usou para costurar as roupas de seu grande amor. E que brilhante narração escrita deste fato foi feita, tão cheia de detalhes que tornam a história de luta desses dois enamorados ainda mais emocionante. Ao ler o magnígico texto e ver as lindas imagens, me senti viajando pela história tão brilhantemente contada.
ResponderExcluirParabéns aos Trilheiros, que estão cumprindo com a sua função social de disseminar conhecimentos, através deste blog.